ENTREVISTA: LER FAZ BEM?

 Qual é o perfil do leitor brasileiro?

Difícil definir em decorrência da chegada das novas mídias – a fase de transição, do manuscrito para o impresso para o digital, cria grande complexidade em caracterizar o leitor brasileiro. Demos um salto imenso (e rápido) do livro para a tela do celular nos últimos anos. Em termos de hábito enraizado, condições para aquisição de obras, acesso a bibliotecas, tempo para ler, etc., estamos engatinhando. A dívida com a promoção da leitura no Brasil é imensa – chegamos ao terceiro milênio, em meio às sociedades da informação e do conhecimento, com 13 milhões de analfabetos da palavra escrita e com mais de 40 milhões de analfabetos funcionais. 

Qual a importância da leitura para a construção do cidadão em sociedade?
A leitura permite o adentramento da pessoa no universo da escrita, com uma diversidade de bens impressos e virtuais. Fundamentalmente, a leitura garante o direito à informação – e muito das informações que correm pela sociedade é feita circular pela linguagem escrita. Por outro lado, para participação social, orientações de vida, tomada de decisões e  realização de ações em sociedade, o sujeito tem que carregar consigo diferentes competências de leitura e de escrita, que vão desde a lista do supermercado à fruição dos clássicos da literatura.   

O que a falta de leitura pode causar a curto e longo prazo?
Muitas consequências, dentre as quais a cegueira política e cultural pela não fequentação aos múltiplos textos que circulam em sociedade e que nos trazem os fatos do mundo. 

Por que ler faz bem?
Não acredito que leitura seja tudo na vida, digo de saída. Ler, para mim, é um instrumento para fruir textos que cumprem diferentes finalidades sociais. Por exemplo, temos, durante a nossa existência, de amadurecer a nossa razão e a nossa emoção, equilibrando-as sabiamente. A leitura cumpre propósitos em ambos os campos: lemos para nos informar (estudar, conhecer, analisar os fatos, etc.) e lemos para nos emocionar (fabular, fantasiar, sonhar, etc.). Portanto, a leitura é como uma extensão de nós mesmos para dentro dessa aventura complexa e maravilhosa que é o existir e nos humanizarmos incessantemente. Existem outros usufrutos da leitura, mas aquele que citei abrange todos os demais.

Respostas de Ezequiel Theodoro da Silva para a TVB-RECORD, em 20 de novembro de 2014.

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