SÍNTESE: LEITURAS E LEITORES DO SÉCULO XXI


Como acompanhar esta terceira revolução do livro, que se atualiza constantemente a cada ano que passa? Enquanto as mudanças dos séculos passados ocorriam em décadas, centenas de anos, no século XXI não passamos um ano sem uma inovação tecnológica que reconfigura alguma camada de nossas vidas. E enquanto alguns lutam para se adequar a essas transformações digitais, outros lutam para ter acesso a elas. E no final a inclusão digital não é um luxo, é uma necessidade cada vez mais exigida já que todos os serviços estão se digitalizando. As ligações por telefone são substituídas por mensagens de texto nas redes sociais, as locadoras de filmes trocadas por plataformas de streaming, e por fim os livros físicos pelos ebooks e appbooks. Em tempos de pandemia isso se torna ainda mais visível já que várias camadas da vida são afetadas pela nova rotina virtual. Os happy hours se tornaram encontros no Google Meet, as aulas presenciais em lives, e os trabalhos em home office. E quem não consegue se enquadrar nesta rede possui mais um vilão além do vírus. A pandemia acelerou um processo de digitalização dos serviços que já vinha ocorrendo a alguns anos. E nessa aceleração, muitas escolas públicas e privadas foram forçadas a se adaptarem as novas condições, criando plataformas e sites na internet, disponibilizando conteúdos digitais e oferecendo o ensino a distância. E como se adaptam os livros e seus leitores nesta situação? Como ter acesso a acervos sem uma biblioteca disponível? E ao se obter acesso ao livro digital, como se dará esta nova leitura? Segundo Chartier, uma nova forma de leitura sempre será distinta pois deriva de modos de percepção, de hábitos culturais e de conhecimentos distintos. O leitor do livro digital deverá usar e absorver outras habilidades para concluir sua leitura do que o leitor do livro físico. E complementando com as palavras de Santaella, fora e além do livro há uma infinidade de leitores e, acrescento, de leituras. E essas leituras variam não somente a cada suporte, como também a cada leitor, pois cada um possui sua própria história de leitura que é atravessada pelo seu próprio tempo e espaço. Assim cabe a escola do século XXI reconhecer e acolher essas distintas leituras e leitores para dentro da sala de aula. Já que o ensino deve sempre se manter atualizado e em transformação, sobretudo nos dias de hoje. Os jovens estão lendo, e muito, porém não como a escola imagina. Os alunos passam o dia todo, da hora que acordam até a hora de dormir, lendo mensagens de texto, instruções e diálogos em games, legendas de filmes e séries, comentários nas redes sociais e etc. Essas leituras precisam ser reconhecidas pela escola e utilizadas de forma a complementar o ensino, mesclando assim a realidade do aluno com o papel da educação.

Referências
CHARTIER, Roger. A aventura do livro - do leitor ao navegador. São Paulo: Editora da UNESP, 1998.
SANTAELLA. Lucia. Navegar no ciberespaço. O perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus, 2004.

Comentários

  1. Alessandra, a análise que você fez do acesso à internet como um bem cultural, me fez pensar. Parece-me que aí está a questão da exclusão digital: esse acesso ainda não é visto como essencial, mesmo sendo, como você mostrou bem e com exemplos claros em seu texto.

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    1. Exatamente Telma! Nos dias de hoje, principalmente com pandemias que podem ocorrer a qualquer momento, a escola precisa rever a maneira como vê a tecnologia. Não apenas como uma ferramenta extra no currículo, mas algo essencial e integrado com a escola. Obrigada pelo comentário!

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  2. Parabéns pelo texto Alessandra! Interessante o ponto que você destaca sobre as leituras que os estudantes fazem, que muitas vezes, não são reconhecidas pela escola

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    1. Que bom que gostou! Acredito que a escola pode trabalhar essas outras leituras de diversas maneiras, se apropriando delas para trabalhar a leitura dos alunos. Obrigada pelo comentário.

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  3. Muito bom! Excelente reflexão em diálogo com o que estudamos. Parabéns!!

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