SÍNTESE: O CIBERESPAÇO VAI ALÉM DESSA PÁGINA
Michele Cristiani Barion
Sabe-se que a história do livro tem mais de cinco mil anos e nesse percurso
ele aparece em diferentes formatos e suportes, como em barro, em folhas de
palmeira, em madeira e outros recursos provenientes da própria natureza. No decorrer
desse período histórico, o maior propósito era difundir conhecimentos e
experiências através de símbolos inscritos sobre esses suportes. Foram muitos
anos para se chegar à invenção do papel que, com a tipografia, pudessem compor
um livro impresso. Após esse processo, a próxima etapa foi difundir o interesse
pela leitura e assim ultrapassar os espaços fechados onde grandes obras eram
disponibilizadas apenas para pequenos grupos da sociedade.
Com o crescente número de livros impressos, busca-se um espaço para que pudessem ser disponibilizados publicamente, criando então as chamadas bibliotecas. No Brasil, o primeiro espaço físico de leitura foi criado no início da década de XIX com a chegada de D. João VI, o qual trouxe ao país mais de 60 mil peças incluindo livros, manuscritos, entre outros. Atualmente, de acordo com o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, há 6057 bibliotecas, sendo que desse número, 33% estão localizadas na região sudeste.
Possivelmente as pessoas que já estiveram em
uma biblioteca se recordam da postura do leitor nesse espaço, que segue um
comportamento regulado e controlado, com a proposta que a sua leitura seja
silenciosa e solitária, com uma sequência própria de apreciação, compreensão e
observação diante da obra escolhida.
Todavia, ler em voz alta é um cenário convidativo aos leitores mirins
que podem não conhecer a linguagem escrita, mas conseguem interpretar o enredo
de uma estória por meio das ilustrações e da narrativa que muitas vezes é feita
por um adulto. Os livros infantis possibilitam essa relação de leitor e
ouvinte, seja no formato impresso ou ainda eletrônico, que poderá trazer uma
maior interação com o uso da hipermídia.
Outro
tipo de publicação muito
presente são os jornais e as revistas, que também ganharam um espaço
importante na sociedade, afinal são acessíveis e estão em constante atualização.
Quem é que nunca se deparou com pessoas sentadas na praça folheando o seu
jornal e falando sobre os assuntos do dia? Do mesmo modo, quem nunca foi em um
consultório e pegou uma revista e ficou folheando as páginas em busca de algo
do seu interesse para passar o tempo? Nesse contexto se encaixa o leitor
fragmentado, afinal ele faz uma relação de imagens e pequenos textos abordando
diferentes assuntos com uma maior velocidade de leitura. Inclusive, além do
impresso, esse leitor atualmente tem a possibilidade de ler informativos,
textos jornalísticos e de entretenimento por meio do seu equipamento eletrônico
com acesso à internet e ainda compartilhar e fazer comentários em páginas que
permitem essas observações.
De
certo que ainda há os leitores contemplativos e os fragmentados, todavia os leitores virtuais estão ganhando espaço
no século XXI. Esse é um leitor que tem habilidades sensoriais, perceptivas e
cognitivas muito específicas, além do dinamismo em tear sua própria rede
cognitiva, emotiva e social diante de tantos nós e nexos. Inegavelmente toda
essa possibilidade se faz diante do acesso à internet.
É
fato que o avanço tecnológico provoca essas mudanças na figura do leitor,
todavia seja o conteúdo a ser explorado no formato impresso ou eletrônico, o
fundamental é a compreensão da leitura. Inclusive se antes havia a figura de um
leitor na biblioteca com espaço limitado, agora se faz presente em um ambiente
com infinitas possibilidades de leitura e nas diversas formas de apresentação.
Até mesmo esse pequeno texto publicado no blog, quantas imersões ele permite? É
certo! O ciberespaço vai além dessas
possibilidades.
Referências
CHARTIER,
Roger. A aventura do livro. Do leitor ao navegador. Conversações
com Jean Lebrun. 1ª reimpressão. Tradução Reginaldo Carmello Corrêa de Moraes.
São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo/Editora UNESP, 1998.
SANTAELLA, Lucia. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus, 2004.
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Texto excelente e muito informativo!
ResponderExcluirGostei bastante do resgate histórico e da síntese com os perfis dos leitores traçados. Parabéns!
ResponderExcluirMichele, interessante a relação que você fez entre a história do livro, de Chartier, e os tipos de leitores, de Santaella. Um abraço.
ResponderExcluirAdorei o traçado histórico que você fez sobre a leitura e suas possibilidades, Michele! Também gostei muito do título, super atrativo! Parabéns!
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