SÍNTESE: LEITOR DESTE TEXTO, QUEM É VOCÊ NA ERA DIGITAL?
Ana Luíza
Pedrosa Neves Aichinger
Sim! A tecnologia já está encarnada no ser humano. Possibilidade de separação ou de não utilização? Não!
De maneira elegante, discreta e veloz, a tecnologia é desenvolvida e aperfeiçoada dia a dia, de modo que seu alcance já se tornou mundial e seu uso inevitável. A pesquisadora Lúcia Santaella, em depoimento dado à TV PUC-SP, comenta que a tecnologia é uma extensão da inteligência humana e que tentar combatê-la (tecnologia) seria um insulto, seria a destruição do legado humano. Nessa perspectiva, indaga-se: qual é o futuro da humanidade? Para onde vai o homem? Santaella, no mesmo depoimento mencionado anteriormente, diz que o destino da humanidade é a própria evolução tecnológica, é a continuidade da expansão virtual e eletrônica. Se no início do século XXI já se fala que as pessoas vivem na era digital, o que será do universo daqui a algumas décadas no que se refere à virtualização e à digitalização?
Com o avanço da tecnologia ao longo
dos anos, foi possível convergir as distintas formas de linguagem em objetos
únicos de comunicação, sendo eles aparelhos celulares e computadores, o que
possibilitou uma rápida e instantânea disseminação das informações. Em outras
palavras, informações que só eram encontradas em Barsas ou livros impressos
armazenados em bibliotecas, por exemplo, agora podem ser pesquisadas
simultaneamente na internet e encontradas instantaneamente de diferentes
maneiras, a saber: livros digitais, artigos científicos, imagens, vídeos e discos.
No ciberespaço, assim, o navegador não tem
limites; em milésimos de segundos ele tem milhares de possibilidades, inúmeros
caminhos para trilhar, o que lhe cabe delinear seus objetivos para que não se
perca nas profundezas da virtualidade. Mas, é possível realmente não se perder
no ciberespaço? Há algum tipo de navegador expert
que domina tudo ou quase tudo da internet? Aliás, quais tipos de
navegadores existem no mundo virtual?
Sobre isso, Santaella (2004) aponta
três tipos ou categorias de navegadores. O primeiro deles é o navegador
errante, que se caracteriza por ser inexperiente na navegação pelo ciberespaço.
Por meio de tentativas, adivinhações, erros e acertos, o indivíduo vai
descobrindo o universo digital. Para esse navegador, até manusear o mouse
pode ser difícil. O segundo tipo de navegador é o detetive. Seguir pistas,
aprender com as experiências, desvendar estratégias, farejar indícios e
disciplina são algumas expressões que descrevem bem esse internauta. Por último, tem-se o navegador previdente. Este, sim, é expert na navegação… sabiamente, ele
antecipa as consequências dos seus atos, tem uma memória incrível de longa
duração, é selecionador, executor e imediato. O navegador previdente sabe aonde
precisa ir, sabe as melhores estratégias para atingir seus objetivos e conhece
o espaço no qual está inserido.
E esses navegadores também são
leitores?
Com certeza, sim! A era digital permitiu o surgimento de um novo modo de leitura, a denominada leitura imersiva. Dessa forma, o leitor imersivo é aquele indivíduo submerso na interatividade, que lê, escuta e vê ao mesmo tempo. Diferentemente da leitura tradicional, em que o leitor lê calmamente o seu livro impresso, observando, contemplando, refletindo e ruminando o conteúdo lido, a leitura no universo digital é dinâmica, veloz, fragmentada, necessitando a junção de nós e nexos para que seu sentido seja produzido. Assim, diante dessa explanação, percebe-se que as maneiras de leitura e seus suportes também evoluíram com o passar dos anos. Para mostrar resumidamente como tal evolução ocorreu, Chartier (1998) pontua que a leitura em rolo da antiguidade evoluiu para manuscrito, de manuscrito para textos/livros impressos (imprensa de Gutenberg), de livros impressos para jornais e propagandas, e, posteriormente, para a leitura digital.
E as bibliotecas? Será que com a evolução dos suportes de leitura, os livros impressos, assim como as bibliotecas tradicionais se extinguirão?
Acredita-se que não, porque existem na
sociedade os colecionadores de livros impressos, pessoas que permitem a
perpetuação dessas obras materiais e que dão existência a elas. Com certeza, a
digitalização afetou as formas tradicionais de leitura, mas uma coisa é certa: com a desmaterialização do texto e
com o aumento da distância homem-livro, as possibilidades de acesso à
leitura e à informação foram ampliadas, o que não significa que aquilo que se lê seja de qualidade.
Além disso, juízos de valor, críticas e comentários sobre as produções se
tornaram mais comuns, o que requer de cada sujeito responsabilidade e
consciência do que ele busca para ler, opinar e criticar.
Felizmente para alguns e infelizmente para outros, a tecnologia já está arraigada nos seres humanos. Cabe às pessoas, então, utilizar os recursos oferecidos pela internet de maneira sábia e inteligente, de modo a tirar proveito daquilo que ela oferece de positivo.
Referências
CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo; Editora UNESP, 1998.
SANTAELLA, Lucia. Navegar no ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus, 2004.
Meus parabéns! Apresenta-nos os três tipos de navegadores. Também aborda e muito bem, a questão da leitura de textos electrónicos vs leitura de livros impressos. E agora, com a pandemia ficou evidente o quão a alfabetização ou letramento digital é importante tanto para professores e alunos quanto para a sociedade no seu todo. Muita força e sucesso!
ResponderExcluirObrigada pelo seu comentário, José!
ExcluirBoa união dos textos de Santaella e Chartier Ana Luíza! Super divertida sua última imagem.
ResponderExcluirObrigada, Telma! Eu achei essa última imagem muito divertida também :)
ExcluirParabéns, Ana Luíza. Seu texto está excelente. Atual. Mostra-nos com clareza, suavidade e graça essa transição nos tipos de leitura e leitores. Assunto que talvez não paremos para refletir. Gosto muito quando Lucia Santaella nos diz que a tecnologia é a extensão da inteligência humana. É isso aí. Um caminho sem volta. Estou feliz me vendo como uma navegadora detetive. Em busca do aprimoramento e aperfeiçoamento ... sempre!
ResponderExcluirObrigada por compartilhar seu conhecimento conosco!
Silvana, muito obrigada pelo seu comentário carinhoso!
ExcluirAna Luíza, que síntese interessante: trouxe os principais pontos, especialmente o da SANTAELLA. E eu amei as suas imagens! Todas! A última me fez rir!
ResponderExcluirÉrika, eu também amei a última imagem! Acho que representa de uma forma divertida e graciosa o momento atual em que vivemos!
ExcluirQue reflexão interessante, Ana! Gostei muito da maneira como você apresentou o ciberespaço, à maneira de um bom cicerone que nos convida a conhecer um lugar mágico, cheio de possibilidades. Parabéns!!
ResponderExcluirObrigada Alberto!!
ExcluirParabéns, Ana Luíza. Bela reflexão!
ResponderExcluirObrigada!!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSou o navegador detetive. Muito bom Ana, bela reflexão.
ResponderExcluirMuito legal saber que você é o navegador detetive, Antônio! Obrigada pelo seu comentário.
ExcluirAna Luíza,
ResponderExcluirExcelente texto! Isso é a modernidade e cabe à geração mais antiga se adaptar e aproveitar o que de melhor a tecnologia pode oferecer. E ela oferece muita coisa boa!! São livros, artigos, todo tipo de informação à nossa disposição e o melhor: a qualquer hora!
Adoro sua reflexões! Obrigada mais uma vez!!!!
Cynthia, muito obrigada pelo carinho! Fico feliz em saber que você gosta das reflexões que faço!
ExcluirCynthia
ResponderExcluirParabéns Ana Luiza. Ótimo texto. Ótima reflexão. Sou um navegador detetive. A tecnologia veio para ficar e evoluir. Cabe a nós seres humanos saber utilizá-la da melhor forma possível.
ResponderExcluirObrigada, Markus, pelo carinho e pelo elogio! Muito bacana saber que você é o navegador detetive! E com certeza, cabe a nós saber utilizar da melhor maneira a tecnologia.
ExcluirExcelente texto, especialmente em relação à organização e relação com os referenciais teóricos. De fato, não dá pra retroceder em relação à tecnologia, especialmente na educação, área grandemente responsável por promover desenvolvimento humano. Ótimo texto, mesmo, Ana Luíza.
ResponderExcluirMuito obrigada, João!! :)
ExcluirMuy interesante reflexión, Ana Luiza.
ResponderExcluirMe gustaría reflexionar sobre la relación entre el ser humano y la tecnología. Somos lo que somos - para bien o para mal) gracias a la tecnología que hemos creado, desde un cuchillo de piedra hasta los satélites que viajan más allá de nuestro sistema solar. Pero las personas tienen formas diferentes de relacionarse con la tecnología: a algunas les produce ansiedad, a otras les produce entusiasmo. También tenemos ritmos diferentes para aprender a usarla y para sacarle un buen provecho, y creo que como sociedad no nos estamos haciendo cargo de esto. La brecha digital (digital divide) crece cada entre los países que son líderes en tecnología y los que no, y también entre las personas que saben cómo utilizarla para ser más eficientes y las que no. ¿Cómo se hace cargo de esto la sociedad, la política, la academia y la escuela? Creo que hay mucho que discutir sobre esto.
Felicitaciones por tu texto. Espero ver más.
Christian, gracias por su reflexión! Esa discusión es muy actual, importante y necesaria! Saludos!
ExcluirAna Luiza muito i nteressante, atualissimo e forte, para os nossos dias, este seu artigo. Fico pensando em em nós, que , graças a Deus, ainda temos os netos, filhos que nos ajudam a caminhar neste tempo da tecnologia . Bjs.
ResponderExcluirOi, Sílvia. Obrigada pelo comentário. Realmente, a ajuda de outras pessoas é fundamental para se caminhar nesse mundo novo e desafiador! Um abraço.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirInteressante o texto! Esse texto me ajudou a entender um pouco mais como se encontra o mundo de hoje em relação a tecnologia, com os diversos tipos de navegadores, modos de leituras, futuro das bibliotecas e a facilidade das informações. Enfim, me fez compreender o quanto somos responsáveis por aquilo que buscamos acessar nesse mundo virtual e assim não nós perder nesse mundo virtual.
ResponderExcluirOlá! Fico muito feliz em saber que o que escrevi te ajudou a entender tantas coisas quanto à tecnologia. Muito obrigada pelo seu comentário!
ExcluirMuito claro e certeira sua descrição.
ResponderExcluirSeguindo o raciocínio de Darwin, a adaptação faz parte de nossa evolução e neste caso estamos em uma cultural e global, chamada tecnologia. Para as crianças e jovens atuais, além do ensino fundamental e superior, a tecnologia deve ser vivida/aprendida com responsabilidade.
Parabéns pelo escrito.
Alexandre, muito legal você ter lembrado de Darwin! E com certeza, a tecnologia deve ser usufruída da melhor maneira possível, com consciência e responsabilidade. Obrigada pelo comentário!
ResponderExcluirBela reflexão.... Pelo seu artigo estou me encaixando no navegador detetive. E como ordem natural da vida, vamos sempre tentando evoluir de nível... parabéns.
ResponderExcluirOlá, Augusto! Gratidão pelo seu comentário. Como você bem disse: vamos vivendo, aprendendo e evoluindo sempre. O mundo nos exige isso!
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