PESQUISA: PERFIL DO LEITOR DE 9º ANO
Atividades da
disciplina “Cultura, Educação e Leitura”.
Professor Dr.
Ezequiel Theodoro da Silva
Valéria Rocha Aveiro
do Carmo
Quais os traços ou
características do perfil do leitor do 8º ou 9º ano são mostrados, em sua
pesquisa, de maneira mais evidente?
A pesquisa selecionada para análise tem como título
“A relação entre a informação recebida pela leitura e a produção textual de
alunos do 9º ano de uma escola da rede particular de São Paulo”, com autoria de
Flávia Micheletto Xavier, tratando-se de uma tese, orientada pela Profª Drª
Anna Maria Marques Cintra, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em
2013.
Os alunos que são foco da pesquisa frequentam,
portanto, o 9º ano dos Anos Finais do Ensino Fundamental, tendo a maioria 14
anos e pertencendo à rede particular de ensino. A opção da pesquisadora,
alegando motivos éticos, é não mencionar os nomes dos alunos, nem evidenciar muitas
características da escola na qual se desenvolvem os seus estudos. Contudo, no
Capítulo IV, ela delineia o contexto situacional e os dados necessários para a
análise das produções dos alunos.
Tendo escolhido um colégio particular em São Paulo,
os estudantes são da alta classe social, bem como a escola tem Proposta
Pedagógica que visa ao preparo para uma cidadania autônoma, o acesso às grandes
Universidades e ingresso no mundo do trabalho, com potencial para carreiras
sólidas e bem-sucedidas, havendo total infraestrutura para o cumprimento de
tais objetivos.
A sala é constituída por quinze meninos e nove
meninas, ou seja, tem apenas 24 alunos, sendo bastante heterogênea quanto ao
envolvimento nos estudos, dificuldades de aprendizagem e disciplina, nenhuma
garantia de alunos qualificados e interessados, conforme o status social
poderia fazer supor.
Logo de início três alunos manifestaram desinteresse
em participar da proposta, uma vez cientes de que não valeria nota. Depois,
quando a atividade de leitura transforma-se em escrita, a pesquisadora afirma
que manifestaram resistência, alegado estarem com preguiça, porém nota haver,
sobretudo, um nível maior de insegurança nesse processo.
Essa insegurança e falta de autonomia se revelou por
várias perguntas que foram realizadas pelos alunos durante a produção textual,
sobre vocabulário, estrutura e até mesmo a cor da caneta a ser utilizada.
A pesquisadora notou que os alunos tinham muito mais
intenção de receber respostas prontas do que refletir com base nas perguntas
que ela lhes devolvia, a cada situação, caracterizando-os como imediatistas.
Pode-se concluir que a leitura desses alunos não é fluente, uma vez que esbarravam
nas palavras e se incomodavam ao não saber o sentido de algumas delas, tendo
que deduzir pelo contexto, por orientação da professora. Também ela identificou
apenas um aluno que grifava o texto, revelando hábito de estudo.
Após as análises detidas de dez amostras, a autora
considera que os alunos conseguem utilizar processos de referenciação, porém
nem sempre de modo eficaz e não utilizam bem os elementos linguísticos,
conforme a norma padrão. Há uma tentativa de manterem a progressão semântica,
porém a falta de repertório diversificado sobre o assunto inviabiliza a
formação consistente de um ponto de vista próprio.
Talvez por essa falta de alimentação temática, alguns
tenham solicitado a utilização do celular para pesquisa e muitos tenham
produzido com o que trazem do senso comum: seus gostos pela internet e alto
perfil tecnológico; não se atendo tanto às críticas advindas do texto base.
Revela-se, por fim, a passividade do aluno-leitor,
que não consegue mobilizar suas estratégias e constituir inferências, colocando
em jogo aquilo que leu quando transpõe seus pensamentos através da escrita
argumentativa.
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