UNIDADE DE LEITURA: O QUE SE PODE SONHAR?
Tema:
Sonho
Gênero envolvido:
Conto de fadas (moderno)
Texto utilizado:
“Entre o leão e o unicórnio” – Marina Colasanti
Público-alvo: 6º
ano do Ensino Fundamental
Duração: 6
aulas
APRESENTAÇÃO
“Nós somos todos do
estofo com que se fazem os sonhos,
E nossa vida é curto
intervalo entre dois sonos”.
Shakespeare
O sonho tem sido um tema
muito explorado pelas artes, em todos os tempos. Veículo de inúmeros símbolos,
a partir de Freud o sonho passou a ser expressão de um desejo que tem sido
sufocado, reprimido. Já para Jung, o sonho está sempre ligado a uma autorrepresentação,
em uma situação através da qual o subconsciente do homem aflora.
É muito comum as pessoas
comentarem sobre o que sonharam e buscarem, através das imagens que
permaneceram na lembrança, realizar uma interpretação dos fatos como prenúncio
de algo que poderá acontecer na realidade.
E as crianças? O que pensam
sobre o sonho? Sonhar dormindo ou acordado... Ou seria dado um destaque ao pesadelo?
Perguntado ao Daniel, 8 anos, o que entende por sonho, ele respondeu: “São
coisas que ficam girando na minha cabeça quando estou dormindo. ” Já a Larissa,
16 anos, questiona: “Que sonho? De padaria? Ah! É isso mesmo que me lembro com
essa palavra! ”
O
que se pode fazer na primeira aula?
A simplicidade na elaboração
das respostas da criança e da adolescente, abordadas nesta apresentação, são
amostras do que os alunos do 6º ano venham a responder no momento da sondagem,
em que poderei interpelar a turma usando as seguintes questões:
O que é sonho para você?
Você lembra do que sonha ao dormir?
É possível sonhar acordado?
Existem sonhos proibidos? Quem poderia
controlar nossos sonhos?
Aproveitando as réplicas da classe,
poderei registrar alguns tópicos interessantes que forem surgindo nas falas,
anotando-os para posterior fechamento, bem como explorar as diversas acepções
sobre o termo que irão aparecer durante a conversa, conforme a percepção e a
maturidade dos alunos.
O
que se pode fazer na segunda aula?
Feito o diagnóstico, que tal
contextualizar o que será apresentado? Afinal, instigar o aluno com
curiosidades sobre a vida dos autores, em geral os faz compreender melhor a
obra, além de ampliar substancialmente o interesse em realizar a leitura.
Depois de discutido o tema
gerador da unidade de leitura, eu direi aos alunos que irão ler um conto de
fadas moderno, da autora Marina Colasanti. Neste momento, será interessante provoca-los
dizendo, por exemplo, que a escritora produziu esse texto em uma época em que o
brasileiro não tinha o direito de sonhar: a ditadura. Conforme o retorno que os
alunos apresentarem, esse assunto poderá, ou não, ser mais debatido.
Posteriormente, a imagem da autora será projetada em uma tela:
Pretendo exercitar a
importante prática de contar um pouco sobre a autora, talvez dizendo que ela
nasceu em Asmara na Eritreia, fronteira com a Etiópia, em 1937, passando sua
infância na África e, depois, na Líbia e Itália, tendo vindo para o Brasil em
1948 e que ter seu pai participando da guerra, bem como sabe-lo no contexto do
fascismo não diminuía seu amor por este homem carinhoso, visto a criança viver
com sensibilidade o seu entorno.
Também contarei que além de
escrever muitas histórias infantis, dentre elas os contos de fadas modernos, a
autora costuma escrever, ainda, crônicas, poemas, ensaios e organizar antologias.
Além de colaborar com jornais, revistas e até já ter apresentado programas de
televisão, é artista plástica, ilustrando os próprios livros, e tradutora. As
temáticas que a autora gosta de investir são relativas ao universo feminino e
aos problemas sociais do país.
Casada com o escritor e
poeta Affonso Romano de Sant'Anna, teve duas filhas: Fabiana e Alessandra. E
hoje é uma das mais premiadas autoras do Brasil!
É muito comum que os alunos
tenham curiosidades e façam outras perguntas sobre a vida dos autores que
apresentamos, por isso responderei conforme as demandas da turma e, caso haja
tempo e desejo dos alunos, irei projetar uma entrevista em vídeo de 6 minutos,
disponível em
https://www.bing.com/videos/search?q=marina+colasanti&&view=detail&mid=AF19A15062FD8E9A47D4AF19A15062FD8E9A47D4&&FORM=VRDGAR
para favorecer a intimidade com a autora e seu estilo.
O
que se pode fazer na terceira aula?
CONSTATAÇÃO
É chegado o momento em que solicitarei
aos alunos que leiam o conto “Entre o leão e o unicórnio”, presente na obra Doze reis e a moça no labirinto do vento, originalmente
escrito em 1978. Mostrarei a capa do livro, explorando os sentidos e debaterei
com os alunos a questão: O que pode fazer um conto de fadas ser considerado
moderno?
Provavelmente os alunos irão
se referir a versões feitas dos clássicos para o cinema, como por exemplo, a
versão de Cinderela por Kenneth Branagh, 2015, ou “A branca de Neve e o
caçador”, do diretor Rupert Sanders, em que a moça passa a ser protegida por
seu algoz. É importante discutir a questão do maravilhoso com os alunos,
explorando através do que trouxerem como conhecimento base, a constituição
desses enredos e os elementos fundamentais que carregam como a presença de um
cenário medieval, reis, rainhas, príncipes e princesas, bobos da corte, damas
de companhia, espadas, salões de baile, guerras... E tudo que os alunos
consigam acessar.
Então, levantarei suposições
com os alunos do que poderá acontecer de inovador nesse conto, para que seja
“moderno”, a partir das simbologias das figuras presentes no título: o leão e o
unicórnio. Anotarei na lousa e
fotografarei para posterior retomada, ou farei uso de flip chart, caso a escola
disponha desse recurso, para posterior checagem sobre as antecipações feitas.
Chega, então, o momento da
leitura!
Para criar o clima e aguçar
o interesse dos meninos e meninas, faço questão de ler o primeiro parágrafo do
conto “No meio da noite de núpcias, o rei acordou tocado pela sede. Já ia se
levantar, quando, junto à cama, do lado de sua recém-esposa, viu deitado um
leão.” Depois, instigados pelo fato mencionado sobre o animal, e dos
personagens já estarem casados e na noite de núpcias, pedirei que os alunos façam
a leitura individual acessando http://companhiadefadas.blogspot.com/2008/08/entre-o-leo-e-o-unicrnio.html em
seus celulares.
O
que se pode fazer na quarta aula?
COTEJO
Após as leituras feitas, irei
solicitar que os alunos compartilhem suas primeiras impressões sobre o conto.
Instigar os alunos a comentarem a história no próprio blog pode ser bastante
motivador e interessante material para iniciar a discussão. Para tal,
realizarei coleta, com antecedência, dos comentários publicados no blog e organizarei
um painel para iniciar a aula.
Pode-se promover, então, uma
roda de conversa em que os sentidos irão sendo construídos. Considero que retomar
com os alunos as antecipações anotadas para colocá-las em jogo e verificar se
houve ou não confirmação sobre as ideias levantadas como hipóteses é bastante
pertinente.
Conforme as crianças forem
falando sobre o texto, buscarei explorar os sentidos subjacentes, o
vocabulário, os fundamentos do gênero, consolidando as compreensões.
É indispensável discutir a
questão da relação amorosa entre homem e mulher, o sonho das núpcias, em que o
casal de fato se conhece e passará a partilhar uma vida em comum, destacando-se
o sonho feminino; a imagem da noite, que simboliza a treva ou o insciente; o
leão como aquele que não somente guarda, mas aprisiona; o “cortar as patas”,
que pode impedir a mobilidade, fazendo com que o bicho perca sua função de
vigilante, ao ficar fragilizado, estático; o unicórnio seria um animal “tão
inexistente” por fazer parte de um mudo de fantasia... Tantos termos e imagens
podem ser explorados em suas várias acepções, quantas forem as ideias e
figurações levantadas pela turma, sempre com meu apoio e estímulo.
Como exercício, solicitarei
que, em duplas, os alunos conversem sobre as questões que seguem:
Será que os sonhos da mulher assustam o homem
a ponto de querer roubá-los?
Por que será que, no conto, o rei desperta
toda noite para ver o que se passa no sonho da esposa, mas não tem sonhos
próprios?
Qual seria o motivo, afinal, de esse ser um
conto de fadas moderno? Discutam isto a partir dos elementos que estruturam a
história.
Após alguns minutos, será
conveniente que as duplas apresentem ao grupo as suas respostas e que eu medeie
às discussões, considerando as divergências e alimentando os alunos durante o
processo com outras visões sobre o feminino, além do senso comum. Neste momento
poderão ser trazidos muitos exemplos, inclusive familiares por parte da turma.
Isto pode enriquecer muito o processo!
O
que se pode fazer na quinta aula?
TRANSFORMAÇÃO
Nesta unidade de leitura foram
discutidas muitas ideias sobre o ato de sonhar, a partir da leitura do conto “Entre
o leão e o unicórnio”, de Marina Colasanti.
Neste momento, irei explorar
ainda mais sentidos ao trazer para os alunos outras referências sobre
representações do sonho nas artes. Escolho a tela abaixo, do pintor Alexandre
Guillaumot, disponível em https://rceliamendonca.wordpress.com/tag/sonhos/page/2/?iframe=true&preview=true%2Ffeed%2F . Tal página será
explorada, rapidamente, pelos celulares ou computadores, quando os alunos
poderão se deparar com muitas outras telas sobre essa temática. O professor
poderá solicitar que escolham uma, com a qual se identifiquem e pesquisem sobre
ela, se assim achar conveniente. Eu seguirei essa opção!
Logo após, promoverei a
leitura coletiva do quadro de Guillaumot, que está no início da unidade, e apresentarei para os alunos o poema "A flor com que a menina sonha" da obra Ou isto ou aquilo de Cecília Meireles:
A flor com que a menina sonha
está no sonho?
ou na fronha?
Sonho
risonho:
O vento sozinho
no seu carrinho.
De que tamanho
seria o rebanho?
A vizinha
apanha
a sombrinha de teia de aranha...
Na lua há um ninho
de passarinho.
A lua com que a menina sonha
é o linho do sonho
ou a lua da fronha?
Em seguida, organizarei os
alunos em 7 grupos de 5 participantes, em média, e pedirei que escrevam um
conto maravilhoso moderno a partir do cotejo entre os sentidos da pintura e do
poema, além de considerarem todas as discussões feitas nas aulas anteriores.
Enquanto as equipes produzem
os textos exercitarei a importante tarefa de circular pela sala tirando dúvidas e
oferecendo contribuições.
O
que se pode fazer na sexta aula?
Neste momento final, vou
recolher os contos para fazer as devidas correções. Para tal é previdente que utilize
uma grade de critérios, de modo a considerar a coerência e coesão textuais, a
pertinência quanto ao tema e gênero, além das observações sobre a ortografia e
pontuação.
Devolvidos os textos e
encaminhadas as revisões pelas duplas, vou sugerir que publiquem esses textos
em um blog organizado pela turma.
Outra possibilidade é que os alunos convertam
os textos em linguagem cinematográfica, organizando um roteiro e um storyboard para que depois gravem curtas
metragens a serem projetados no “Dia do cinema na escola” às demais turmas.
No caso da segunda opção, vou
precisar orientar os grupos sobre uma finalização dos trabalhos como tarefa de
casa, e marcar a data final em que ocorrerá a projeção dos vídeos na escola.
Espero que essa unidade de
leitura “sonhada”, com dedicação, para meus alunos promova muitos avanços em
suas aprendizagens!
Referências:
COLASANTI, Marina. Doze reis e a moça no labirinto do vento. São Paulo: Global, 2006.
MEIRELES, Cecília. Ou isto ou aquilo. São Paulo: Global, 2004.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. Unidades de leitura - trilogia pedagógica. 2ª edição. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2008.
Endereços eletrônicos acessados:
http://companhiadefadas.blogspot.com/2008/08/entre-o-leo-e-o-unicrnio.html
https://www.bing.com/videos/search?q=marina+colasanti&&view=detail&mid=AF19A15062FD8E9A47D4AF19A15062FD8E9A47D4&&FORM=VRDGAR
http://companhiadefadas.blogspot.com/2008/08/entre-o-leo-e-o-unicrnio.html
https://rceliamendonca.wordpress.com/tag/sonhos/page/2/?iframe=true&preview=true%2Ffeed%2F
Referências:
COLASANTI, Marina. Doze reis e a moça no labirinto do vento. São Paulo: Global, 2006.
MEIRELES, Cecília. Ou isto ou aquilo. São Paulo: Global, 2004.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. Unidades de leitura - trilogia pedagógica. 2ª edição. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2008.
Endereços eletrônicos acessados:
http://companhiadefadas.blogspot.com/2008/08/entre-o-leo-e-o-unicrnio.html
https://www.bing.com/videos/search?q=marina+colasanti&&view=detail&mid=AF19A15062FD8E9A47D4AF19A15062FD8E9A47D4&&FORM=VRDGAR
http://companhiadefadas.blogspot.com/2008/08/entre-o-leo-e-o-unicrnio.html
https://rceliamendonca.wordpress.com/tag/sonhos/page/2/?iframe=true&preview=true%2Ffeed%2F
Comentários
Postar um comentário