UMA REVISÃO DOS CONTEÚDOS DO CURSO - ÓTICA DE UMA PARTICIPANTE (MEMÓRIA)

UMA BREVE REVISÃO DE CONTEÚDO DA DISCIPLINA
LEITURA E ENSINO - 2017
Depoimento de 
Rosana Cristina Gimael 
“LEITURA E ENSINO” foi uma disciplina que nos possibilitou não somente atualização como também nos capacitou para enveredarmos por caminhos mais instigantes no que tange,  como o próprio nome diz, ao ensino da leitura.

Fazendo uma breve revisão dos tópicos desenvolvidos e apreendidos durante as aulas e também fora delas, inicialmente, tivemos contato com vários teóricos, fazendo uma linha do tempo para entender questões cruciais no ensino da leitura no Brasil, especialmente as dificuldades encontradas nas séries iniciais do ensino fundamental. 

Para entendermos essas questões, tivemos em um primeiro momento, discussões acerca da leitura enquanto movimento de consciência do sujeito. E, para tanto, refletimos a questão dos paradigmas, no intuito de desengajamento das amarras do cotidiano enquanto profissionais da Educação, renovando percepções, expandindo experiências. 

Para entendermos melhor questões pontuais dos paradigmas,  tivemos contato com o “O Ato de Ler”, livro  do professor Ezequiel, responsável pela disciplina. Dentro da leitura, reflexão e discussão, percebemos um profissional engajado, especialmente após a década de 90, em busca de paradigmas modernos. Paralelamente à leitura foram vistas teorias outras, como o Behaviorismo (leitura como resposta), em uma Didática da Instrução Programada, uma Didática Tecnicista; depois veio a abordagem existencialista de Heidegger.  Para entendermos que a leitura é muito mais que uma resposta, fomos respaldados pelo “O ato de ler” que entremeando essas abordagens, nos oportunizou entendermos a leitura como facilitação da qualificação da ação da decisão, a compreensão da subjetividade humana, a leitura como processo de qualificação de ações. Entendemos que formar um leitor hoje é uma tarefa extremamente desafiadora. Há que se libertar das amarras que nos aprisionam, que nos dificultam a caminhada,  ampliar horizontes. Deixar de lado o medo quer seja por desconhecimento, pela  não aceitação de novo, pela falta de vontade ou estímulo de sair da mesmice.

Entre uma aula e outra, entre questionamentos e debates, foram  realizadas atividades inúmeras e sugestões de links, autores, em mídia impressa e digital, em plataformas da internet.

Tivemos acesso á leitura crítica, entendendo suas dimensões, na expansão dos sentidos pela interação ou cruzamento de repertórios, lendo não somente as linhas,  mas as entrelinhas para lermos muito além das linhas. Entre compreender o sentido com a relação do texto; enxergarmos implícitos, enxergamos mais sentidos ainda, pudemos “Constatar, Cotejar e Transformar” pelo “O Ato de Ler”, pelos debates e atividades criativas que o curso nos proporcionou. Sim, foi muito mais que uma disciplina! 

No decorrer das aulas, informais,  mas muito sérias, visitamos a biblioteca da Unicamp, a Editora, tivemos acesso a informações preciosas que nos possibilitaram vislumbrar fora do contexto sala de aula o empenho, a seriedade do trabalho de engajamento em espaços em que o livro – e a leitura – tem o seu lugar de honra.

Tivemos acesso à  leitura enquanto expansão dos sentidos pela interação de cruzamento de repertórios, dentro de movimentos de consciência – entender, refletir, produzir mais sentidos, fomos inspirados pela orientação de posicionamentos, decisões, transmigração de ideias, atitudes para a experiência pessoal. Fomos envolvidos na trama do professor Ezequiel,  pela magia e sedução de ensinar com amor, criatividade, competência, autoridade. 

Fomos envolvidos pela teoria na prática, entendendo interpretação – estrutura cognitiva- como processo e compreensão como projeto – tendo em vista as finalidades, projeto movido pela intencionalidade do leitor ao interagir com o texto. A interpretação como um processo de dinamização de elementos no repertório do leitor. Isso é trabalho, atividade, competência.

Entendemos o Paradigma Psicológico de Leitura, o imbricar da fantasia com a realidade, com Cortázar, entre letras e áudio. Tivemos acesso a expressões como hermenêutica e exege, para entender a teoria da interpretação e para vivenciarmos a maturidade da leitura que veio com a amálgama de diferentes experiências de/com leitura, construindo a identidade de cada um de nós, leitores e também professores. Presenciamos a coexistência e respeito com as diferentes visões, em ambientes híbridos em que houve simbiose, quer sejam nos trabalhos apresentados, nas leituras, nos debates, na interação total.

Despedimo-nos da disciplina,  mas levamos conosco ensinamentos que serão postos em prática, enquanto leitores, enquanto “ensinantes”, enquanto mediadores nesse desafio prazeroso. A leitura do mundo precede a leitura da palavra. O que posso fazer para facilitar a compreensão? Ah, Monterroso, como rendeu “A rã que queria ser uma autêntica rã”! Quantas descobertas em tão sucintas e inspiradoras linhas! As fábulas de Monterrosso me abriram outros horizontes. Ficamos mais inteirados do PCN, tivemos acesso a um estudo de caso da professora “dona Aurélia Damasceno” para entender as dificuldades do professor hoje em sala de aula, a falta de oportunidades para a capacitação, a sua visão de mundo com “informação digerida”, a mercantilização do ensino. E lá vieram questões fundamentais , dentro do texto de “Aurélia” para refletirmos: A quem serve a escola? O que estou construindo? Pergunta-se o “para que” e não o “como”. A questão da autoridade, somos adotados pelo livro didático, professores agrilhoados por paradigmas antigos, o caráter propedêutico da Educação, o corporativismo, falta de preparo, de domínio técnico do professor, estagnação, engessamento de crenças. Um texto que provocou discussão de grande valia, que reverberou em todos nós.

Indo em frente, entre teoria e prática, deparamos com as estratégias de leitura, não sem antes retomarmos: 1) Para que do meu ensino de leitura? 2) Para quem do meu ensino de leitura 3) O que do meu ensino de leitura? 4) Como do meu ensino de leitura? 5) O que ficou do meu ensino de leitura?  Questões que muito contribuíram para repensar inclusive o tipo de cobrança, o tipo de avaliação. 

Entre versos e prosa, entre slides e textos, entre apresentações e “representações”, fomos despertando em meio a vastas leituras de mundo...e tivemos acesso a Tipologia de Leitura: busca de informações, leitura do texto como estudo, como pretexto, como fruição. Leitura prazerosa, a libertação, a interiorização do outro, o deleite, o reencontro com boas sensações, renovação ou ampliação do olhar, transmigração das ideias para a vida pessoal. E lá vinham indicação de grandes autores.
E lá fomos nós ingressando na Literatura, na educação dos sentidos e do destino, imersão em personagens imaginários, viagem sem fim. Sugestões como seduzir os alunos à leitura de  textos literários, para que o aluno se enrede naquilo que realmente lhe atrai, como instigá-los a ter acesso a esse prazer indescritível? E lá vinha o professor Ezequiel com “Os grilos são astros” de Rosinha Valença, com a indicação do filme “O Substituto”. Como não se inspirar?

E seguimos para sugestões metodológicas e para a função do professor e o universo das mídias. Iniciou-se com Pablo Neruda e nos centramos na mediação docente, nas mudanças e desafios da contemporaneidade pelo professor tecnológico previamente “aquecidos” com  “O canto das sereias digitais” para abrilhantar reflexões. Enveredamos por  tecnofobia e tecnofilia, ambientes híbridos, inclusive o hibridismo pedagógico e vislumbramos a Educomunicação como uma saída viável.

A disciplina vai contextualizando teoria na prática com as apresentações dos alunos, trazendo experiências, novos olhares, vivências com o ensino da leitura no nono ano do ensino fundamental, por meio de pesquisas de teses e dissertações com links direcionados pelo professor das melhores buscas e sites.

Tivemos a oportunidade ainda, antenados com tudo o que nos foi apresentado, com olhos agora aguçados/treinados para uma análise de sites direcionados a professores. Além disso, tivemos o prazer de lermos cada um de nós,  um livro com práticas de leitura no ensino nos últimos dez anos no Brasil – o que rendeu uma resenha. O professor orientou-nos à publicação assim como nos sugeriu já um artigo para quem sabe, uma possível submissão.

A disciplina fechou com chave de outro com a palestra de Rubens Queiroz, ““Aspectos da Leitura do Universo Digital”, com questões pertinentes a tudo o que estávamos vendo na questão da tecnologia e muito mais. Claro que antes, sabiamente, o professor nos ofereceu a leitura de Cristóvão Tezza, “ Leitura, Internet e Silêncio” para refletirmos inclusive sobre “todos leem o tempo todo, mas nada além de manchetes, pedaços de frases e caixas de comentários”.

Finalizo aqui, dizendo que além de tantas oportunidades de vivenciarmos o que foge da mesmice, o Professor nos oportunizou  seu blog de leitura e outros tantos links relacionados  à questão da leitura na Unicamp, além de criar um blog da turma para inserir leituras não só relacionadas à aula, mas o que se refere ao “ler e ensinar”. Ah, sem contar com o grupo no whatssapp – integração total com as tecnologias de informação.

Tivemos momentos incríveis, literalmente contextualizados com tudo o que tivemos oportunidade de vivenciar em aula, para criar mais sentidos ainda, na prática. O próprio professor foi exemplo de tudo o que pensa e acredita na prática. Desafiador, libertador, inspirador tudo o que nos passou! Um professor que nos transportou para outros horizontes, que nos proporcionou descobertas incríveis, que nos fez sair da acomodação, que nos fez pensar e repensar práticas, que nos instigou a mergulhar em leituras em diversas materialidades, que nos mostrou o amor ao que faz com atitudes: profissionalismo, competência, criatividade e dinamismo em tudo o que nos apresentou, nas estratégias, na metodologia, no discurso coerente, na postura, na prática!


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