ESTADO DA ARTE - LEITURA NO 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL (3)






Karen César Baptista

Atividade: Levantamento bibliográfico & análise - pesquisas sobre leitura no 9º ano

A primeira dissertação selecionada foi O gênero discursivo cordel: o processo de autoria da escrita dos alunos do 9º ano do ensino fundamental, defendida por Ladmires Luiz Gomes de Carvalho, em 2016, sob orientação da Profª. Drª. Maria da Penha Casado Alves, na Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. A pesquisa procurou (re)conhecer o processo de autoria da escrita dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Professor José Fernandes Machado da cidade de Natal/RN. A pesquisa traz como objeto de investigação o cordel, gênero discursivo o que, segundo a autora, não ser muito comum essa prática nas escolas. Com o objetivo geral de sistematizar o gênero discursivo cordel como forma de auxilio no processo de autoria da escrita dos alunos do 9º ano, em uma Sequência Didática que orientou toda a produção escrita. A experiência parte de uma situação comunicativa real: um concurso de literatura de cordel para o qual os alunos foram convidados a produzir textos autorais. Além disso, houve a publicação dos cordéis produzidos em formato de folhetos para ser compartilhados com leitores da comunidade escolar na qual estão situados os sujeitos pesquisados.
O trabalho apoiou-se em contribuições da teoria de Bakhtin (2011, 2015) e do Círculo, considerando o dialogismo da linguagem em atividade concreta de uso. Também para subsidiar o trabalho com a Sequência Didática, apoiou-se em Schneuwly, Noverraz e Dolz (2004) e Lopes-Rossi (2011). Já o estudo do gênero discursivo cordel teve por base autores como Batista (1977), Maxado (2012) e Santos (2006); e os estudos relacionados à escrita encontram subsídios em Garcez (2010) e Geraldi (2013), entre outros. A vertente da pesquisa é de cunho qualitativo/descritivo/explicativo, centrada na Análise Dialógica do Discurso (ADD) e contemplou três categorias discursivas: composição, autoria e estilo, levando em consideração as relações dialógicas dos enunciados.

A segunda dissertação selecionada foi As mediações da leitura por professores de um sexto ano do ensino fundamental na sala de aula, do autor Thiago Moura Camilo orientadora: Profª. Drª. Cláudia Beatriz de Castro Nasc. Ometto. Defendida em 2015, esta pesquisa se insere no contexto de um projeto de pesquisa mais amplo financiado pelo CNPq/CAPES cujo objetivo volta-se para as práticas de leitura e de escrita envolvidas na articulação que se processa entre as escolhas relativas aos modos de organização e de circulação dessas práticas - pelos professores, com as réplicas ativas produzidas pelos alunos. Dessa forma, tomando a prática da leitura escolar como objeto de estudo, esta dissertação tem por objetivo compreender os processos de mediação dos professores das diversas áreas do conhecimento na promoção leitora dos alunos de um sexto ano do ensino fundamental anos finais – eleitas as relações de ensino produzidas na sala de aula como o lugar de investigação a fim de responder a seguinte questão de investigação: como tem sido mediada a prática de leitura pelos professores das diversas áreas do conhecimento com vistas à promoção leitora dos alunos de um sexto ano do ensino fundamental – anos finais? Considerando que a linguagem é a mediadora deste processo, o trabalho ancora-se teoricamente na perspectiva histórico-cultural do desenvolvimento humano, tal qual formulada por Vigotski (1998, 2008), articulada à perspectiva enunciativo-discursiva de Bakhtin (1997, 2009). A pesquisa foi realizada em uma escola da rede pública estadual no município de São Gotardo-MG e utilizou como procedimentos de coleta de dados gravações de áudio, filmagens e anotações de campo a fim de registrar as práticas de leitura em sala de aula, especificamente nas disciplinas de Ciências, História, Geografia, Língua Portuguesa e Matemática, durante o quarto trimestre escolar no ano de 2013. Os dados produzidos nos evidenciam a predominância de práticas de leitura cujos fins não possibilitam a compreensão, o comentário, a réplica, a interlocução e o cotejo de um determinado texto com outros textos.
A terceira dissertação foi A intertextualidade em livros didáticos do 9 ano do ensino fundamental, defendida em 2015, do autor Gutemberg Lima da Silva, orientado por Roberta Varginha Ramos Caiado na Universidade Católica de Pernambuco.
O presente trabalho trouxe como eixo a intertextualidade, mecanismo cognitivo, textual e discursivo para construção das relações interacionais, sendo utilizado por diversos ramos da ciência social, na construção e análise de textos e discursos. Quanto mais elaborado e preciso for o uso do intertexto, mais domínio da língua/linguagem o sujeito demonstra, merecendo, por isso mesmo, atenção e estudo para compreensão desse fenômeno. Contudo, será que o ensino da língua portuguesa dá atenção a esse fenômeno? Será que os livros didáticos de língua portuguesa, nas atividades propostas aos estudantes, abordariam insuficientemente ou não abordariam essa temática? O objetivo da pesquisa é investigar a intertextualidade, a partir da análise das atividades propostas aos estudantes, em livros didáticos de Língua Portuguesa do 9 ano. No presente trabalho, discutimos o critério da intertextualidade como elemento constitutivo do texto, na perspectiva do Interacionismo Social. Para tanto, apoiamo-nos na noção de texto apresentada por Beaugrande (1997), que se baseia em três ações de constituição realizadas num determinado evento comunicativo: a social, a cognitiva e a linguística. Utilizamo-nos também da fundamentação teórica sobre intertextualidade, a partir da Linguística Textual, em Koch (2003, 2004, 2006, 2007, 2009, 2011) e Koch, Bentes e Cavalcante (2007). O corpus é composto por dois livros didáticos, selecionados entre os aprovados no PNLD 2014, através dos quais, de forma quantitativa, contabilizaram-se as oportunidades de aprendizagem da intertextualidade, a partir da categorização Stricto Sensu intertextualidade explícita, temática, estilística e implícita -, e de forma qualitativa, analisa-se como essas oportunidades de aprendizagem da intertextualidade são abordadas no livro. Os resultados revelam que o uso da intertextualidade ainda se prende ao aspecto da categoria explícita, basicamente aos processos de citação direta, indireta e indireta livre, e à intertextualidade temática. A intertextualidade implícita e estilística, por sua vez, são pouco abordadas nos livros didáticos estudados. Percebe-se que as oportunidades de aprendizagem da intertextualidade aparecem em maior quantidade no eixo de ensino da Leitura, sendo pouco evidenciadas no eixo de ensino da Produção de Texto. No que se refere ao eixo da Oralidade, não há ocorrências de oportunidades de aprendizagem nos livros analisados. Os resultados servem como base para discussões sobre o ensino da intertextualidade nas aulas de língua portuguesa nas escolas, evidenciando uma perspectiva de mudança na atenção a esse fenômeno nas aulas.

Referências

Carvalho, Ladmires Luiz Gomes de. O gênero discursivo cordel: o processo de autoria da escrita dos alunos do 9º ano do ensino fundamental. Universidade Federal do Rio Grande do Norte /UFRN, 2016.
Silva, Gutemberg Lima da. A intertextualidade em livros didáticos do 9 ano do ensino fundamental. Universidade Católica de Pernambuco, 2015.

Camilo, Thiago Moura. As mediações da leitura por professores de um sexto ano do ensino fundamental na sala de aula. Universidade Metodista de Piracicaba/ UNIMEP, 2015.

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